sexta-feira, 9 de julho de 2010

Não vão me impedir de trabalhar’, diz taxista agredido no Galeão


Internado e ainda com dor, Kleber Rosa prestou depoimento no hospital.
Ele afirma não lembrar do episódio e só soube o que houve após ver vídeo.

Alícia UchôaDo G1 RJ
Há seis anos trabalhando como taxista nas ruas do Rio, Kleber Rosa, de 31 anos, só sabe como foi agredido por outros taxistas no Aeroporto do Tom Jobim(Galeão), na Ilha do Governador, na madrugada de quarta-feira (7), porque assistiu ao vídeo com as cenas de violência já no hospital.
“Não lembro de nada. Quando vi não acreditei. Fiquei muito tempo desacordado até o socorro”, diz ele que, ainda internado, sente os efeitos do episódio. “Ainda dói muito”. Foi no Hospital Miguel Couto, na Zona sul do Rio, que ele prestou depoimento à polícia e afirmou que tem condições de reconhecer os agressores, mas que não lhe foi pedido nenhum tipo de retrato falado.
Segundo a delegada Fátima Bastos, responsável pelo caso, já foram ouvidos também quatro suspeitos e duas testemunhas do episódio.
Kleber conta que já havia ouvido falar de agressões por taxistas que trabalham tanto no Galeão como no Santos Dumont e na Rodoviária Novo Rio, por causa da disputa pelas boas gorjetas e grandes trajetos de turistas. “Mas já tive que levar outros passageiros lá e nunca tinha visto nada. Eu deixei um passageiro, uma passageira fez sinal e, quando eu desci para pegar as malas dela, eles vieram”, conta.
‘A gente está trabalhando, não sou bandido’, diz taxista
Apesar do medo, ele já planeja voltar ao trabalho. “Dá medo, mas tenho que voltar. Eles não vão me impedir de trabalhar. A gente está trabalhando, não sou bandido”, desabafou ele, que pede que outros colegas de profissão que tenham passado por algo parecido denunciem. “É preciso correr atrás e não deixar impune”, sintetiza Kleber.

Outros três motoristas, no entanto, ainda não foram identificados. Eles vão responder por tentativa de homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e porque não deram chance de defesa à vítima.
Pai de dois filhos, ele conta que a filha caçula ainda chora ao vê-lo. “Ela chora porque só sabe que bateram no pai dela, mas não entende por que”, lamenta.
Taxistas afastados
Os dois motoristas de táxi que foram identificados como suspeitos de agredi-lo já
foram afastados de suas cooperativas. A Polícia Civil vai enviar um ofício à Secretaria de Transportes do Rio pedindo uma punição administrativa, e com isso eles podem até perder o registro e o direito de exercer a profissão.
Imagens
As imagens mostram os agressores dando chutes e socos na cabeça da vítima, que fica desacordada, caída na rampa do setor de desembarque. O motivo da agressão seria porque a vítima, também taxista, teria deixado um passageiro e aceitado o embarque de outro, provocando a ira dos taxistas de cooperativas que fazem ponto no aeroporto.
A Subsecretaria de Fiscalização de Transportes (SubF), da SMTR, informou que, apesar da Infraero, que administra o espaço do aeroporto, trabalhar com determinadas cooperativas a circulação de táxis na área de embarque e desembarque do terminal, o fato não confere a elas o monopólio da prestação do serviço de transporte de passageiros. O taxista que sentir-se coagido deverá procurar a autoridade policial.

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