quarta-feira, 19 de junho de 2013

Luiz Gonzaga o rei do Baião


O poder de síntese e criação que elevou Luiz Gonzaga à condição de Rei Quando Luiz Gonzaga sai do exército e ruma para o Rio de Janeiro,estabelece-se lá como um músico profissional, tocando as músicas mais em voga na época, como polcas, valsas e tangos. Certa noite, um grupo de estudantes cearenses que acompanhava a apresentação interpelou o sanfoneiro, incitando aquele músico a tocar as coisas da sua terra de origem. A provocação fez com que Gonzaga resgatasse sua experiência de infância e juventude tocando nas festas do seu interior e seguindo os passos do pai, lembrando daquelas músicas. Com a composição Vira e mexe, um chamego, Luiz Gonzaga consegue chamar atenção pelo jeito diferente de tocar e pelo sotaque regional de sua música. Seu chamego tira nota máxima no programa de rádio de Ary Barroso, que promovia um show de calouros, e é contratado por uma gravadora e por uma rádio. Quando percebe que havia espaço para a música regional, e que a sua música era muito bem recebida, começou a encarnar a identidade do sertanejo nordestino e a se tornar a voz do sertão brasileiro. À sua qualidade de instrumentista, Gonzaga foi acrescentando diversos outros elementos para compor não só canções, mas um tipo que resumisse a sua terra de origem, o sertão do Araripe. Trajando roupas de cangaceiro e de vaqueiro, falando com trejeitos do povo simples do qual ele mesma fazia parte, cantando temas e paisagens do sertão, o músico construiu um mosaico de referências que acertou em cheio o coração de migrantes nordestinos e agradou da massa de trabalhadores às classes abastadas com sua dança, melodias e carisma. Em 1945, quando grava sua primeira canção com voz e conhece Humberto Teixeira, Luiz Gonzaga já estava havia 15 anos longe de Exu, sua cidade natal. O baião foi gestado enquanto o seu futuro rei estava longe de casa. E foi exatamente quando fez sucesso com sua música e investiu forte no regionalismo que Luiz voltou para casa e reencontrou sua família, seu sertão, o gado, as casas de reboco, o seu pé de serra. Para sintetizar suas influências e reforçar a nordestinidade do seu trabalho, Gonzaga começou a procurar por um parceiro musical que pudesse fazer letras para suas canções identificadas com a paisagem sonora que ele desenhava em sua sanfona. Encontra então Humberto Teixeira, advogado cearense também radicado no Sudeste do Brasil. O Velho Lua mostrou o que planejava, Teixeira topou e eles compõem então a primeira parceria, Baião. Os versos não deixam dúvidas de que eles sabiam que estavam criando algo: "Eu vou mostrar pra vocês como se dança o baião/E quem quiser aprender, é favor prestar atenção".