terça-feira, 6 de novembro de 2012

"Cachaceiro" tipo exportação

Antes mesmo de sua primeira aposentadoria, em 2010, e da segunda, em 2012, o ex-volante Mozart já havia começado a engatilhar negócios paralelos para garantir uma vida estável ao pendurar as chuteiras.
O ex-jogador da seleção brasileira, Coritiba, Flamengo, Palmeiras e futebol italiano decidiu investir num segmento que a família da mulher já tinha experiência: fabricação de cachaça. Mas seguiu um caminho particular, sem se envolver com a empresa dos familiares. Hoje, Mozart é o principal acionista da cachaçaria Porto Morretes, de Morretes (PR), cidade que tem muita tradição na produção da bebida. Em 2005, quando ainda jogava na Itália, decidiu entrar de vez no negócio ao ser convidado por uma fábrica que estava quase falindo. “Eu sou de Curitiba, mas moro em Morretes, que é conhecida nacionalmente como terra de cachaça. E a família da minha esposa tem tradição de 100 anos. Em 2005 surgiu a oportunidade de entrar na Porto. Eles estavam sem dinheiro para investir no marketing, e achei uma proposta interessante que eles fizeram. Eles já tinham o alambique, e eu entraria mais com a parte da divulgação. Hoje tenho 66% das ações e sou mais um relações públicas”, afirmou Mozart. Mas os anos no negócio e a consequente residência no local após o fim da carreira fizeram com que o jogador aprendesse algumas técnicas de fabricação para acompanhar de perto o processo. Mas Mozart diz que tem muito a aprender ainda. “Sei bastante coisa, mas tem algumas coisas técnicas que ainda não domino. Um dos sócios é professor e doutor em cachaça, e a produção é algo que fica mais com ele. Mas eu entendo alguma coisa”, disse o ex-jogador.
Cachaça para Hillary A fábrica de Mozart chegou a receber recentemente três prêmios em uma edição brasileira do Concurso Mundial de Bruxelas. Ganhou a Grande Medalha de Ouro com a cachaça Tradição, Medalha de Ouro com a Porto Morretes Ouro e outra premiação com a cachaça Prata. Eles exportam a bebida para Estados Unidos, Canadá e Suíça. A cachaça de Mozart já foi enviada para uma degustação na Casa Branca, em Washington, para a comitiva da Secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton. Mozart, no entanto, diz não saber se a mulher do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton degustou o produto. “Ela foi para um evento do ministério da Hillary Clinton e ofereceram para a comitiva. Não sei se ela experimentou, não vou cometer essa gafe de dizer isso, porque não sei. Mas a nossa cachaça esteve no coquetel que foi oferecido para o pessoal dela [Hillary] naquele encontro”, afirmou. A aventura neste ramo faz com seja comum algumas brincadeiras com o ex-jogador, como chamá-lo de “cachaceiro”. Mas ele diz apreciar seu produto de maneira moderada e o recomenda, desde que haja moderação. Conta que nunca foi de extravasar na bebida nos tempos de jogador. “O pessoal brinca com isso [cachaceiro], sempre. Quando possível, eu bebo um pouquinho e aprecio, mas tranquilamente, como se aprecia bom uísque e vinho. Nosso produto é do mesmo nível. Mas tem que ser apreciado de maneira moderada, do lado das pessoas que gostam.” “Nas férias sim eu tomava moderadamente uma cerveja quando podia. Mas sempre fui controlado nesse sentido. Não vejo problema em você consumir bebida alcóolica. Tudo que é em excesso faz mal. Só o excesso é prejudicial”, continuou. Mozart ainda comentou, em tom de brincadeira, que entre os jogadores um de seus principais clientes foi o ex-goleiro e hoje embaixador do Palmeiras Marcos. Os dois jogaram juntos na equipe em 2009. “Um grande cliente meu era o Marcão. Eu dei várias pra ele de presente. Ele é um apreciador dos produtos”, brincou. “Levei pro Marcão algumas vezes. E também pra outro pessoal, né, pros seguranças, roupeiros. Eu levava bastante [pra jogadores] e o produto sempre foi bem recebido.” José Ricardo Leite Do UOL, em São Paulo