Também conhecida como ligadura tubária ou de trompas, a laqueadura é um procedimento voluntário de esterilização definitiva da mulher. Trata-se de uma cirurgia simples, realizada por ginecologistas, que promove a obstrução das tubas uterinas, impedindo o processo de fecundação. Suas técnicas de realização variam conforme a localização do corte e o material utilizado.
De acordo com a lei brasileira, a laqueadura pode ser feita em qualquer mulher com mais de 25 anos ou que tenha pelo menos dois filhos vivos. Porém, sua principal indicação é em mulheres que podem apresentar risco de saúde, tanto para ela quanto para o bebê, caso engravidem.
A ligadura de trompas é o método contraceptivo mais eficaz conhecido, embora ainda haja uma pequena chance da mulher engravidar. Quando a gestação ocorre, há uma grande probabilidade de que seja uma gravidez ectópica (fora do útero). Além dessa complicação, existe a possibilidade de arrependimento devido à incapacidade de gerar filhos, resultando assim em um quadro de depressão.
Como a laqueadura é feita?
O procedimento é indolor e pode ser feito por ginecologistas, com duração média de 40 minutos. Inicialmente, o paciente é anestesiado por meio de inalação ou injeção. O médico então promove incisões para, em seguida, inserir um pequeno dispositivo, que ajudará a localizar as trompas.
Após amarrar, cortar ou apertar as tubas uterinas, o corte é fechado com pequenos pontos. Geralmente, a mulher é liberada algumas horas depois da cirurgia.
Tipos de laqueadura
Existe mais de uma maneira de realizar a operação. Entretanto, todas seguem o princípio básico da laqueadura, que é impedir a passagem do ovócito e dos espermatozoides pelas trompas, evitando a fecundação.
Basicamente, as laqueaduras são classificadas de acordo com a maneira como o corte é feito e suas vias de acesso, sendo os principais tipos a abdominal e a vaginal. Além disso, existem diversas maneiras de romper efetivamente as trompas, incluindo:
Anéis de plástico;
Clipes de titânio (cirúrgicos);
Cauterização;
Fio de sutura.
Para escolher o procedimento ideal para cada mulher, é preciso levar em consideração fatores como a preferência, aderência e cicatriz, além da presença de endometriose ou mioma.
Laqueadura abdominal
Laparotomia
A laqueadura por laparotomia é o método mais comum utilizado no SUS, em que um corte horizontal semelhante a um corte de cesariana é feito na barriga. Devido ao tamanho do corte, trata-se de uma operação mais invasiva, com maior risco de infecção e dor no pós-operatório.
Minilaparotomia
Assim como na laparotomia, a laqueadura é feita por meio de um corte abdominal, acima da púbis. Entretanto, no caso da minilaparotomia esse corte é bem menor. Esse tipo de cirurgia normalmente é feito em no máximo até dois dias após o parto, momento em que há um aumento do volume do útero, o que facilita a operação.
Normalmente, a laqueadura não pode ser realizada durante ou nos próximos 42 dias após um parto ou aborto, devido à fragilidade emocional em que a mulher se encontra. Mas quando é comprovada a necessidade do procedimento, a cirurgia indicada é a minilaparotomia.
Laparoscopia (videolaparoscopia)
Esse procedimento se baseia na inserção de uma minicâmera em pequenos furos realizados na região do abdômen. Para o cirurgião, esta maneira de realizar a laqueadura é melhor pelo fato da câmera permitir uma visão mais detalhada dos órgãos e tecidos internos.
Por ser menos invasiva, possui menor risco de infecção, cicatrização menos aparente, maior chance de eficácia e recuperação mais rápida com relação à laparotomia.
Laqueadura vaginal
Colpotomia
Assim como a videolaparoscopia, é menos invasiva e, por isso, apresenta menor perda sanguínea, menor dor no pós-operatório e menor tempo de internação. Ela é feita por meio de uma incisão pelo fundo-de-saco posterior da vagina (espaço ao redor do colo uterino, na região posterior), a partir de onde as trompas são alcançadas. Entretanto, apresenta maior risco de infecção.
Histeroscopia
A laqueadura histeroscópica consiste na inserção de um histeroscópio (aparelho endoscópico de tubo ótico com sistema de iluminação) na vagina. Nesse procedimento não é realizado corte algum e, dentre todas as formas de realizar a laqueadura, essa é a única que dispensa centro cirúrgico.
Durante o processo, o histeroscópio acessa as trompas por meio da cavidade endometrial (mucosa que recobre a face interna do útero). Ao chegar nas trompas, o aparelho insere uma pequena mola de aço inoxidável de 4 cm, chamada de stent tubário, que causa uma inflamação local. Assim, ocorre uma reação do sistema imunológico que leva ao crescimento de tecido cicatricial, provocando o fechamento das trompas.
Por depender do processo de cicatrização, esse método leva cerca de 3 meses para ser concluído. Após esse período, a mulher passa por uma radiografia do sistema reprodutor feminino, a fim de comprovar ou não a obstrução completa da tuba uterina.
Atenção!
Em fevereiro de 2017, a Anvisa determinou a suspensão da importação, distribuição, venda e uso do stent tubário Essure, classificando-o como risco máximo. De acordo com o órgão, a implementação do dispositivo pode provocar gravidez indesejada, dor crônica, perfuração, alterações no sangramento menstrual, alergia e migração do aparelho.
Quem pode fazer a laqueadura?
O método pode ser feito por mulheres que não desejam mais ter filhos por opção própria, mas como é definitivo, só é permitido por lei em mulheres maiores de 25 anos ou com pelo menos dois filhos vivos, diminuindo a chance de se arrependerem. Sendo assim, uma mulher de 30 anos que não possui filhos pode realizar a laqueadura, e o mesmo é possível em uma mulher de 20 anos que já tem, pelo menos, 2 filhos.
Entretanto, mesmo quando a mulher já é mãe pela segunda vez, existem outras circunstâncias que podem gerar arrependimento, como quando ela perda de um filho, troca de parceiro ou melhora sua condição financeira.
Por isso, é necessário que se cumpra o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade de realizar a laqueadura e a efetivação do processo cirúrgico, período em que deve ser oferecido à mulher o serviço de regulação da fecundidade e um aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce.
Existe ainda a possibilidade da cirurgia ser realizada em mulheres com risco de saúde e até mesmo de morte, em casos de concepção. Entretanto, nessas situações, a laqueadura só pode ser realizada mediante um laudo testemunhado em relatório e assinado por dois médicos.
Como é o pré e o pós-operatório?
A cirurgia de laqueadura exige alguns cuidados antes e depois de ser realizada. Entenda:
a operação pela ANVISA.
É possível reverter o método?
É possível reverter a laqueadura por meio do método de laparoscopia, mas o processo possui muitos riscos e não é realizado pela maioria dos ginecologistas. Por isso, comumente a cirurgia é considerada irreversível.
Entretanto, quando a laqueadura foi feita utilizando clipes ou anéis, a reversão é possível em 80% dos casos. Para que possa ser realizada, é preciso que o final das tubas uterinas tenha sido preservado e que não haja dilatação. Esse processo chama-se anastomose, em que a tuba cortada é religada e suturada novamente.
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