Os 120 minutos com direito à penalidades foram um desafio não só para seleção como também para a torcida brasileira. Criticados e questionados desde o início da Copa pela falta de criatividade e de energia nos jogos da seleção, os torcedores se mobilizaram para reverter este cenário e empurrar Neymar & Cia. Não faltou esforço, mas o resultado ainda deixou a desejar.
Além do já batido “Sou brasileiro com muito orgulho e muito amor” e do hino nacional entoado com toda a força, os brasileiros puxaram o samba do Salgueiro campeão de 1993 (“Peguei um Ita no Norte”) com uma pequena adaptação para o Brasil, e deram mais importância ao já conhecido “O campeão voltou”, consagrado na final da Copa das Confederações, no ano passado, no Maracanã. Já o famoso grito de guerra chileno foi transformado em “Chichichi-lelele, veio aqui pra se fu...”.
Mas faltou organização. Durante o jogo, vários pontos distintos da arquibancada do Mineirão puxavam músicas diferentes, o que impediu uma unidade no estádio. Além disso, em vários momentos os torcedores paravam de cantar e empurrar os jogadores, o que demonstrava nervosismo e falta de confiança. Tanto que, no início da prorrogação, foi preciso o lateral-esquerdo Marcelo pedir para que os torcedores voltassem a gritar.
Curiosamente, do lado de fora do estádio não faltaram ensaios com letras irreverentes para serem cantadas durante o jogo. Um grupo de 30 cariocas distribuiu panfletos com as letras e tocou as músicas com bumbo e muito gogó.
- A torcida estava muito desorganizada. Precisava de um movimento para ajudar o Brasil a ser hexacampeão - disse Daniel Spilberg, que distribuía panfletos nos arredores do estádio.
As melodias eram todas inspiradas em músicas que já fazem sucesso nas rádios e, principalmente, nas arquibancadas. Mas, apesar do sucesso nos arredores do Mineirão, nenhuma delas foi cantada (ao menos com força suficiente para ser repercutida) dentro do estádio.
- Até que enfim alguém teve essa iniciativa. "Sou brasileiro com muito orgulho" já não dava mais. Nem do futebol essa música é - elogiou a iniciativa o torcedor Rômulo Ferreira.
Mas se o ataque deixou a desejar, a defesa se comportou bem. Conhecidos como barulhentos, os chilenos foram anulados no estádio. Sempre que tentavam cantar qualquer música de incentivo, uma sonora vaia abafava suas vozes. Uma “zaga” que só não foi perfeita porque pecou pela falta de respeito antes do apito inicial, quando vaiou o hino chileno cantado a capela.
Se ainda precisa de muitos ajustes, ao menos a torcida começa a mostrar sinais de evolução. Que as lições sejam aprendidas a tempo para a próxima partida.