O caso da mulher condenada à morte no Sudão por ter abandonado a religião islâmica tem provocado protestos e críticas em muitos países nos últimos dias. E nessa terça-feira (27) essa história teve um desdobramento. Dentro da prisão, ela deu à luz uma menina.
Meriam Ibrahim, de 27 anos, está presa desde fevereiro. Ela não teve autorização para fazer o parto em um hospital. A filha nasceu em condições precárias na prisão.
Há duas semanas, Meriam foi condenada a levar 100 chibatadas por adultério porque se casou com Daniel, um cristão do Sudão do Sul naturalizado americano, o que no país é considerado um adultério.
E a morrer na forca por se negar a voltar à religião muçulmana. Esta sentença só será cumprida depois que a filha recém-nascida completar dois anos.
Meriam se converteu ao cristianismo, religião da mãe, por que tinha apenas seis anos de idade, quando o pai, muçulmano, abandonou a família.
O porta-voz da promotoria disse que é preciso fazer valer as tradições sudanesas. O marido de Meriam recorreu da decisão. "Eu temo pela vida da minha mulher", disse Daniel Wani.
O governo do Sudão adota a sharia, o código de leis do islamismo, como referência legal.
Várias organizações internacionais de direitos humanos protestaram contra o tratamento dado a Meriam. A Anistia Internacional disse que o caso é um flagrante desrespeito ao que há de mais básico nos direitos humanos.
Os Estados Unidos pediram que o Sudão respeite a liberdade de religião garantida pelas leis internacionais.