1. Alergia ocular
É uma inflamação dos olhos causada por uma resposta do sistema imunológico a uma determinada substância que o nosso organismo reconhece como perigosa, um alérgeno. A sua manifestação mais frequente é a conjuntivite alérgica, com carácter sazonal: 20% da população tem manifestações alérgicas.
Causas: exposição a alérgenos que produzem reações alérgicas, sendo os mais comuns o pólen, os fungos, os pelos dos animais, os ácaros, os alimentos, etc.
Tratamento: passa por prevenir as crises, melhorando as condições ambientais e evitando o alérgeno. Para aliviar os sintomas, pode aplicar-se um tratamento tópico (gotas oculares e pomadas oftálmicas antialérgicas, descongestionantes, e lágrimas artificiais) ou terapêutica sistémica em situações mais graves. Pode ser necessário o despiste do alérgeno por testes cutâneos ou outros numa consulta de alergologia.
2. Ambliopia
Trata-se da diminuição da acuidade visual (conhecida como “olho preguiçoso”), uni ou bilateral, no contexto de um deficiente desenvolvimento da visão binocular, associado à presença de erro refrativo não corrigido, e/ou estrabismo, devido a mau acompanhamento oftalmológico na infância – 3% das crianças apresentam ambliopia/estrabismo.
Causas: a anisometropia (o erro refrativo é diferente nos dois olhos), aniseiconia (a imagem de um objeto observada por um olho é diferente da observada pelo outro) e o estrabismo são responsáveis por grande parte dos casos.
Tratamento: é primordial o acompanhamento de todas as crianças na avaliação do desenvolvimento da visão binocular desde tenra idade. O tratamento passa por correção com óculos, penalizações, ortóptica e cirurgia do estrabismo.
3. Astigmatismo
Ocorre quando a córnea apresenta uma alteração nos eixos da sua curvatura, sendo os objetos focados em dois diferentes pontos da retina, resultando em visão desfocada (está presente em 20% dos míopes e hipermetropes).
Causas: pode estar relacionado com herança genética. Aparece geralmente ao nascimento ou após um trauma ocular.
Tratamento: o astigmatismo pode ser corrigido com o uso de óculos com lentes cilíndricas, lentes de contato ou cirurgia refrativa.
4. Blefarite
É uma inflamação comum e persistente das pálpebras, quase sempre com o carácter crónico e cíclico. Afeta frequentemente pessoas que têm tendência a apresentar pele seborreica (pele oleosa e caspa) e produz secura ocular – 7 em cada 10 doentes que vão a uma consulta de oftalmologia têm problemas das pálpebras.
Causas: infeciosas e não infeciosas. As primeiras são causadas por bactérias, vírus ou parasitas e as segundas estão relacionas com seborreia, alergias e causas tóxicas.
Tratamento: medidas de higienização (limpeza do bordo palpebral, calor local, massagem suave da base das pestanas) e, se necessário, uso de pomada com antibiótico e lágrimas artificiais.
5. Catarata
Consiste na opacidade total ou parcial do cristalino, lente natural do globo ocular, produzindo baixa de acuidade visual, visão desfocada e cores desvanecidas –está presente em 10% das pessoas com menos de 65 anos e é uma das doenças dos olhos mais comuns depois dos 85 anos (em mais de 60% das pessoas).
Causas: a causa mais comum está associada ao envelhecimento. Pode ocorrer, no entanto, por outras causas congénitas, hereditárias, metabólicas, tóxicas e traumáticas.
Tratamento: consiste na remoção cirúrgica do cristalino e da substituição deste por uma lente intraocular, permitindo uma recuperação importante da visão.
6. Conjuntivite
Caracteriza-se pela inflamação da conjuntiva (membrana transparente que recobre o globo ocular e a parte interna da pálpebra). Esta inflamação pode ter um caráter agudo recorrente ou crónico sendo a forma aguda a mais frequente e que se acompanha de lacrimejo, comichão, ardor e sensação de corpo estranho. Esta doença dos olhos pode estar associada ou não a secreção mucopurulenta. Geralmente compromete os dois olhos, não necessariamente ao mesmo tempo. Nas conjuntivites de origem infeciosa (predominantemente de causa viral), o contágio é feito pelo contato direto com a pessoa doente ou objetos contaminados.
Causas: infeciosas por bactérias, vírus, fungos ou parasitas e não infeciosas por causas alérgicas, mecânicas, iatrogénicas, ocupacionais e outras.
Tratamento: a maioria das conjuntivites passa naturalmente, mas para diminuir os sintomas e o desconforto pode utilizar-se soro fisiológico gelado e compressas sobre as pálpebras, limpar os olhos com frequência ou, ainda, usar colírios lubrificantes e lágrimas artificiais. Por vezes é necessário, consoante o grau de severidade, o uso de colírios e pomadas oftálmicas antibióticas e/ou anti-inflamatórias.
7. Estrabismo
Consiste num desvio ocular por perda da correspondência retiniana normal de um dos olhos, com perda do alinhamento. O desvio dos olhos pode ser constante ou intermitente. O despiste do estrabismo deve ser feito o mais precocemente possível, principalmente em crianças, devido ao desenvolvimento da visão binocular, de forma a prevenir o aparecimento da ambliopia estrábica.
Causas: pode ser provocado por causas congénitas ou adquiridas.
Tratamento: o tratamento pode ser clínico, ótico ou cirúrgico. É recomendado que se inicie o tratamento do estrabismo é recomendado perante o aparecimento dos primeiros sinais.
8. Hipermetropia
É um tipo de ametropia que tem origem num globo ocular com comprimento axial curto e onde a imagem visual formada é projetada por de trás da retina – ocorre em 35% das pessoas com menos de 60 anos de idade).
Causas: na maioria dos casos a hipermetropia tem origem congénita.
Tratamento: corrigível com óculos com lentes positivas, lentes de contacto ou cirurgia laser.
9. Miopia
É um erro de refração que afeta a visão à distância. É um tipo de ametropia que tem origem num globo ocular com comprimento axial longo em que a imagem visual não é focada diretamente na retina, mas à frente da mesma (ocorre em cerca de 20% da população). Pode apresentar três formas: simples, média e patológica.
Causas: a forma patológica pode estar associada a causas hereditárias. Os novos estudos epidemiológicos apontam para um aumento da incidência da miopia, possivelmente relacionado com a acomodação induzida pelos sistemas informáticos e uso abusivo da visão central.
Tratamento: a miopia é corrigível com óculos com lentes negativas, lentes de contacto ou cirurgia laser.
10. Olho seco
É uma condição anormal da lubrificação da superfície do olho que se manifesta quando é produzido pouco fluido lacrimal ou pela alteração da composição do filme lacrimal.
Causas: utilização de lentes de contato, exposição a ambientes com ar condicionado, vento, permanência em altitudes elevadas, uso de cosméticos, fumo de tabaco, poluição do ar, etc. Existem determinados medicamentos que podem provocar a redução de lubrificação nos olhos, como os anti-histamínicos, antidepressivos, diuréticos, anestésicos, anticolinérgicos e beta–bloqueantes. Pode ainda estar associado ao envelhecimento, pois em idades mais avançadas há diminuição da produção de lágrimas.
Tratamento: deve ser feito não apenas para o próprio bem-estar do paciente mas para evitar a lesão da córnea. Devem usar-se colírios específicos (lágrimas artificiais) e, nos casos mais graves, é possível recorrer à oclusão da drenagem da lágrima, permitindo que elas fiquem em contato com o olho por mais tempo.
11. Terçolho ou hordéolo
É a infeção de uma pequena glândula da pálpebra, podendo ser interno ou externo conforme a glândula atingida. Geralmente forma um pequeno nódulo palpável, doloroso e avermelhado que ocorre de forma aguda que se pode localizar no bordo da pálpebra ou na sua espessura. Os terçolhos são doenças dos olhos bastante comuns, particularmente em pacientes com inflamação crónica das pálpebras (blefarite crónica).
Causas: a causa mais frequente é uma infeção bacteriana.
Tratamento: na maioria dos casos, os terçolhos drenam espontaneamente em poucos dias, mas em casos graves ou recorrentes é preciso acompanhamento por oftalmologista. O tratamento pode incluir a aplicação de compressas quentes, várias vezes ao dia, de modo a facilitar a drenagem através do orifício da glândula. Em alguns casos poderá ser necessário recorrer a uma pomada com antibiótico. Nos casos mais resistentes, poderá ser necessário drenar o terçolho cirurgicamente.
Colaboração:
Rui Branco, coordenador da Unidade de Oftalmologia do Hospital Lusíadas Albufeira