Lucélia provocou seguidores com foto no "busão": "E viva o transporte público de boa qualidade!". Foto: Reprodução/ Instagram
Provavelmente, isso só aconteceria no Brasil: a atriz Lucélia Santos foi ridicularizada em redes sociais porque foi “flagrada” andando de ônibus. Isso mesmo. Vida de nego é difícil.
Que nosso transporte público é uma indecência, todos sabemos. Mas daí a considerar motivo de chacota que uma pessoa famosa faça uso dele, é uma inversão de valores típica de um povo que não quer sair do lugar (e prefere ficar parado em congestionamento). Até por que Lucélia não é a única a adotar esse hábito — ao que parece — tão extravagante.
O certo seria tratar o evento como um bom exemplo de cidadania, despojamento, desapego material ou simplesmente necessidade. E o fato devia ilustrar como o automóvel está se esgotando como opção de deslocamento. E que se fossem feitos investimentos na área, milhares de pessoas mais afortunadas deixariam seus bólidos em casa.
Andar de ônibus é motivo de tudo, menos de piada. Se era para se manifestar, que fosse no sentido de lembrar que em países desenvolvidos, até ministros de estado vão para seus palacetes de coletivo. Pontuais e confortáveis, claro.
Mas não. A crueldade e o cinismo ocupam o lugar do respeito e do bom senso. Se a atriz fosse vista num Camaro amarelo cafona, ocupando espaço, ostentando riqueza, poluindo o planeta e reclamando de faixas exclusivas, seria tratada como uma estrela.
Não causa nenhuma surpresa os que mais tripudiaram terem sido aqueles que diariamente se espremem em busões e vagões de metrô ou trem. A turma anda mal de autoestima mesmo. Lerê, lerê.
sábado, 15 de março de 2014
Nosso transporte público é uma indecência
Lucélia provocou seguidores com foto no "busão": "E viva o transporte público de boa qualidade!". Foto: Reprodução/ Instagram
Provavelmente, isso só aconteceria no Brasil: a atriz Lucélia Santos foi ridicularizada em redes sociais porque foi “flagrada” andando de ônibus. Isso mesmo. Vida de nego é difícil.
Que nosso transporte público é uma indecência, todos sabemos. Mas daí a considerar motivo de chacota que uma pessoa famosa faça uso dele, é uma inversão de valores típica de um povo que não quer sair do lugar (e prefere ficar parado em congestionamento). Até por que Lucélia não é a única a adotar esse hábito — ao que parece — tão extravagante.
O certo seria tratar o evento como um bom exemplo de cidadania, despojamento, desapego material ou simplesmente necessidade. E o fato devia ilustrar como o automóvel está se esgotando como opção de deslocamento. E que se fossem feitos investimentos na área, milhares de pessoas mais afortunadas deixariam seus bólidos em casa.
Andar de ônibus é motivo de tudo, menos de piada. Se era para se manifestar, que fosse no sentido de lembrar que em países desenvolvidos, até ministros de estado vão para seus palacetes de coletivo. Pontuais e confortáveis, claro.
Mas não. A crueldade e o cinismo ocupam o lugar do respeito e do bom senso. Se a atriz fosse vista num Camaro amarelo cafona, ocupando espaço, ostentando riqueza, poluindo o planeta e reclamando de faixas exclusivas, seria tratada como uma estrela.
Não causa nenhuma surpresa os que mais tripudiaram terem sido aqueles que diariamente se espremem em busões e vagões de metrô ou trem. A turma anda mal de autoestima mesmo. Lerê, lerê.
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