Jogador da equipe argentina Tigre com mancha de sangue na camisa após o final da partida contra a equipe do São …
Não se pode esperar coerência da Conmebol. Dito isso fica claro entender as estranhas declarações do vice da entidade, Eugenio Figueredo que inicialmente declarou o São Paulo campeão da Sul-Americana e agora diz que prefere aguardar a investigação dos incidentes do Morumbi para dar a palavra final.
A entidade não descarta uma punição severa ao clube paulista por conta da confusão ocorrida nos vestiários do Morumbi, no intervalo do jogo da última quarta-feira. Segundo Figueredo, a última palavra fica com a direção da Conmebol e o jogo foi apenas 'suspenso'.
Em entrevista à rádio uruguaia 1010 AM, o cartola inclusive revelou que a Conmebol pode passar por cima da decisão do árbitro de finalizar o jogo. "O juiz não pode finalizar nenhuma partida, apenas suspender. É a Confederação que decide. Esperamos os informes da polícia para estudar as possíveis punições. A última palavra não está dita", declarou.
Além da indecisão dos cartolas, a Copa Sul-Americana tem previsto em seu regulamento uma brecha que pode, de fato, tirar o título do Tricolor. No entanto, isso só vai ocorrer caso seja provado que a confusão generalizada ocorreu por culpa do clube brasileiro. Para isso acontecer é preciso que sejam divulgadas imagens dos incidentes. Com base apenas em testemunhos a partida não pode ser anulada.
Para casos como esse, o regulamento da Sul-Americana é baseado no da Libertadores. O artigo 15.1 diz que se a partida for suspensa por causa da intervenção de espectadores ou por agressões cometidas contra o árbitro, assistentes ou equipe visitante, o clube local será castigado com a perda da partida em caso de culpa comprovada.
Outro artigo da competição pode ser usado contra o Tigre. O time argentino pode ser acusado de abandono de jogo e ser suspenso das próximas três competições continentais para as quais se classificar.
A palavra final será dada pelo Comitê Executivo da Conmebol, formado por presidente, vice, e um diretor de cada país. O representante do Brasil é Marco Polo Del Nero, vice-presidente da CBF e mentor do presidente José Maria Marin. Como se sabe, o São Paulo é hoje o clube com mais influência na entidade que comanda o futebol brasileiro.
Na noite desta quinta-feira, o site da Confederação Sul-Americana emitiu nota oficial em relação ao ocorrido. Leia na integra:
Investigar para esclarecer os acontecimentos e aplicar sanções
A Confederação Sul-Americana de Futebol lamenta profundamente o fato acontecido no dia 12 de dezembro, no estádio do Morumbi, na final da Copa Sul-Americana, um feito que castiga com extrema dureza o prestígio do futebol continental.
No aspecto esportivo, São Paulo FC e Tigre jogaram uma partida normal, com desdobramentos próprios de uma grande final.
O árbitro da partida, Sr. Enrique Osses, relatou em sua súmula que, após os 15 minutos de descanso, tentou persuadir por várias oportunidades a equipe do Tigre a voltar para continuar a partida. Além do tempo estipulado por regulamento, ele aguardou durante 35 minutos (na soma, 50 minutos) o retorno ao campo de jogo.
Diante da negativa dos jogadores do Tigre, que alegaram falta de garantias e agressões, o árbitro decidiu pôr fim à sua espera e aplicou o regulamento, determinando a conclusão do jogo com o resultado de 2 a 0, vigente até esse momento, e que significou a consagração do São Paulo FC como campeão do torneio.
Diante dos fatos, a Conmebol resolveu abrir um sumário informativo e está empenhada em reunir todos os informes das autoridades da partida e dos clubes envolvidos, assim como todos os elementos dos fatos ocorridos, com o propósito de construir com clareza a realidade dos acontecimentos, a fim de aplicar as sanções que correspondam a cada um.
Manchas de sangue também foram registradas no vestiário usado pela equipe argentina
Conmebol não costumar punir quase ninguém
Outro dado a favor do São Paulo é que a Federação Sul-Americana historicamente se esquiva de aplicar punições em casos como esse. Para se ter ideia, a maior punição dos últimos anos foi sofrida pelo Corinthians por conta da tentativa de briga entre torcida e polícia depois da eliminação da Libertadores em 2006. O alvinegro paulista ficou um ano sem poder disputar competições internacionais no Pacaembu.
AFA entra na briga e Tigre diz ter vídeo da confusão
Informação do jornal argentino Olé dá conta que dirigentes do Tigre contam com apoio total da AFA (Federação argentina de futebol). Do Japão aonde acompanha o Mundial de clubes, Julio Grondona se mostrou muito irritado com os acontecimentos do Morumbi e prometeu apoio ao clube argentino.
Os membros da delegação do Tigre, por sua vez, voltaram atrás da acusação de ameaças por armas de jogo e dizem contar com um trunfo na briga política com o São Paulo na Conmebol. A prova do clube argentino seria um vídeo de quatro minutos das agressões no caminho do vestiário do Morumbi e que ainda não foi divulgado.
Por Rafael Santos
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