Mas reforçam declaração de Ricardo Teixeira
Profissionais de clubes alertam para malefícios, porém citam concessões: taça de vinho em dia de jogo, uma cerveja diária, três chopes à noite...
Depois que o vice de futebol Marcos Brazrevelou a recaída de Adriano com o consumo exagerado de bebida alcoólica, duas declarações no mesmo dia reforçaram a polêmica e estenderam o tema para fora do universo do atacante do Flamengo. José Luiz Runco, responsável pelo departamento médico do clube carioca e da seleção brasileira, deu a entender que o álcool faz parte do cotidiano do futebol e que não interfere no rendimento do atleta. Algumas horas depois, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, afirmou que só veria problema caso o jogador bebesse não apenas "uma cervejinha", mas um engradado.
Médicos de três dos principais clubes brasileiros ressaltam que álcool e esporte de alto rendimento não combinam, mas admitem pequenas concessões no consumo, reforçando a frase de Ricardo Teixeira.
- No Grêmio, não temos uma política proibitiva. Apenas pedimos para que os jogadores se comportem de maneira profissional. Nunca se fez consideração aqui sobre quantidade de bebida, mas, se você me perguntar o que acho razoável, eu diria que, com dois ou três chopes numa noite, o jogador se recupera totalmente para o dia seguinte - disse Márcio Bolzoni, responsável pelo departamento médico do clube gaúcho.
No entanto, ele acrescenta que o consumo habitual de álcool, mesmo em quantidades não exageradas, pode diminuir o rendimento do atleta devido a mudanças no metabolismo (confira no vídeo abaixo os problemas decorrentes do álcool).
Rodrigo Lasmar, do Atlético-MG, não vê problema caso o jogador beba um copo de cerveja diariamente, durante uma refeição. O médico, que costuma recomendar aos atletas que não façam uso de bebida alcoólica por 24 horas antes de uma partida, diz que o problema maior é o consumo exagerado e combinado com noite mal dormida e alimentação inadequada.
- Técnico, médico e preparador físico conseguem identificar quem tem rendimento prejudicado pela bebida. E o consumo frequente aumenta o risco de lesão, pois o jogador está desidratado, disperso, com menos controle motor e menos concentrado. Aumenta a chance de torção no tornozelo e no joelho.
Para o palmeirense Vinícius Martins, nem mesmo uma taça de vinho no dia do jogo seria capaz de atrapalhar o rendimento do atleta, desde que ele esteja acostumado a isso.
- Na Europa, é comum beber cerveja ou vinho no dia do jogo. É uma questão cultural. Lá, até médicos tomam uma taça de vinho e não deixam de operar por causa disso. Mas que fique claro que existe uma diferença entre uma taça e uma garrafa. Se o jogador quiser beber uma taça de vinho no almoço, com um jogo à noite, não vai ter problema algum. O problema é cultural. Como o brasileiro não está acostumado a isso, poderá ficar zonzo, por exemplo.
'Qual jogador não bebe?'
Os três médicos não têm uma mesma opinião ao comentar a declaração do colega José Luiz Runco, que perguntou qual jogador não bebe. Para os profissionais do Grêmio e do Palmeiras, os atletas que consomem álcool representam uma minoria. Para o médico do Atlético-MG, é um fato tão comum quanto em qualquer outro setor da sociedade.
O ex-jogador Marcelo Djian, que continua no mundo do futebol como empresário, concorda com o atleticano. Conviveu com atletas que sabiam se controlar e com outros para os quais o álcool se tornou um vício.
- Às vezes chegávamos até um jogador e pedíamos para ele maneirar na bebida. O grande problema não é o dia do jogo, porque para isso existe a concentração. E o treinador sabe o grupo que tem e às vezes antecipa a concentração em alguns dias. O problema é que o jogador precisa do dia a dia. Se ele vai mal nos treinos, a tendência é de queda de rendimento nos jogos. Alguns aguentam mais tempo levando essa vida, mas outros têm uma condição física inferior - argumenta o agente, que diz não ingerir bebida alcoólica.
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