Filho do tetracampeão espera que a seleção repita a vitória sobre a Holanda que marcou seu nascimento em 1994 e avisa: 'Vou retribuir numa Copa'
Alguns momentos de uma conquista de Copa do Mundo são tão marcantes que não se perdem nem com o passar dos anos. No tetracampeonato da seleção brasileira, por exemplo, um gesto carinhoso e espontâneo de Bebeto transformou-se em símbolo daquela campanha. No dia 9 de julho de 1994, Brasil e Holanda se enfrentaram pelas quartas de final do Mundial. Aos 18 minutos do segundo tempo no Cotton Bowl, em Dallas, nos Estados Unidos, o lateral-esquerdo Branco afastou a bola do campo de defesa e achou Bebeto na intermediária adversária. O camisa 7 ganhou do marcador na corrida, driblou o goleiro De Goey e empurrou para o fundo das redes. Feliz feito criança, o craque comemorou com o famoso “embala neném”, uma homenagem ao filho caçula Mattheus, que havia nascido dois dias antes (assista ao vídeo).
Quase dezesseis anos depois, Mattheus já perdeu as contas de quantas vezes assistiu à cena. “Milhões e milhões”, segundo ele. E sempre é especial. Nesta quarta-feira, o garoto recebeu a reportagem do GLOBOESPORTE.COM em casa, vestiu a camisa azul com o número de Bebeto e repetiu o gesto do pai.
- Ele sempre fala que foi um gesto espontâneo, que não tinha programado. Vieram Romário e Mazinho e ele não entendeu nada (risos). Mas já que ele estava fazendo foi embora. Acho que por isso ficou marcado. O jogo inteiro eu nunca vi. Vi os melhores momentos. O Brasil abriu 2 a 0 numa partida que não era fácil e eles tornaram fácil. Mas eu acho que quando a Holanda fez o primeiro gol afunilou o jogo, eles começaram a ir para cima e fizeram o 2 a 2. Só que aí num lance de brilho do Branco ele acertou uma falta maravilhosa no único lugar que a bola poderia entrar. Um pai fazer um gesto daquele não tem coisa melhor para o filho. Ainda mais numa Copa do Mundo. Não tenho palavras. Quero retribuir esse gesto um dia – comentou.
Mattheus é jogador das categorias de base do Flamengo e da seleção brasileira sub-16. É meio-campista e admirador do futebol de Kaká. O garoto gosta de comemorações diferentes, como as que Robinho, Ganso e Neymar fazem no Santos. Mas o gesto marcante do pai ele quer repetir na hora mais apropriada.
- Ainda não fiz. Vou retribuir, sim. Mas vou retribuir numa Copa do Mundo. Ele chora, a família toda pede, mas vou fazer numa Copa. Deixa guardado – avisou.
- Ainda não fiz. Vou retribuir, sim. Mas vou retribuir numa Copa do Mundo. Ele chora, a família toda pede, mas vou fazer numa Copa. Deixa guardado – avisou.
Os amigos de pelada não cansam de imitar Bebeto. Sempre que alguém tem a chance brinca com Mattheus. A comemoração também virou mania entre os jogadores profissionais. Não só no Brasil.
- Isso é normal (risos). Principalmente entre os amigos. Sempre tem um que quer mostrar. Acho legal. Vendo os jogos do Brasil e também de fora, todo pai que faz um gol para o filho faz o gesto. Sempre falo para o meu pai e ele acha bom. Não era para tomar essa proporção toda. Ele só queria fazer um gesto carinhoso, mas como o mundo todo assiste à Copa, ficou marcado – disse.
Nesta sexta-feira, Brasil e Holanda vão se reencontrar numa Copa do Mundo. O quarto duelo da história será em Porto Elizabeth, às 11h (de Brasília). Uma vaga na semifinal estará em jogo, assim como em 74, na Alemanha, quando a Laranja Mecânica venceu. Em 94, a seleção aproveitou a revanche. Quatro anos mais tarde, na França, novo confronto e vitória brasileira nos pênaltis, pelas semifinais.
- Em 98 eu cheguei a ir à Copa, mas não lembro de nada. Tinha quatro anos. Só lembro do que a minha mãe me fala. Vai ser a primeira vez que vou ter a oportunidade de ver esse jogo analisando as jogadas e as táticas dos times. Vou torcer para que o Brasil saia com a vitória. Gosto de assistir aos jogos do Brasil em casa, com os amigos, para analisar e ver os jogadores que eu gosto e me identifico. Para tentar repetir alguma jogada – afirmou.
Bebeto está na África do Sul. Foi contratado como comentarista de jogos do Brasil para uma emissora de televisão dos Emirados Árabes. Mattheus confia no time de Dunga, mas acredita que será um jogo tão difícil quanto os anteriores.
- Vai seguir a linha de sofrimento. A seleção da Holanda é muito boa, o grupo muito forte e todos os jogadores desequilibram. Mas estou bem confiante no trabalho do Dunga e do Jorginho. Apesar das críticas, que são normais no futebol, gosto bastante da seleção. Ela vem ganhando e não temos do que reclamar. Estou bem confiante para este jogo. Não há recordação melhor do que um jogo contra a Holanda numa Copa do Mundo. Tenho certeza de que o Brasil vai sair com o resultado positivo. A história não vai mudar e a vitória vai se repetir. Meu pai também está bem confiante pelo que demonstraram no último jogo (contra o Chile) – contou.